Visita a casa de parentes e amigos importantes. Pessoas que conhecem meu passado. Inevitavelmente eu ficaria vulnerável em uma ou outra situação.
São pessoas que conhecem meus pontos fracos e, igualmente, posso ver os seus.
Foi a última semana de 2009 - e esta e daquelas redações escolares: "Minhas Férias", escrita por um velho.
Estive me sentindo tão realizado pelo ano anterior que nem havia parado para pensar em uma resolução de ano novo. Em uma semana longe de eventos ou lugares onde eu tivesse de agir como um profissional, mais uma vez me aproximei de tudo que é fraco e humano. Nada de estética além da beleza natural das coisas e pessoas. A beleza dos defeitos e imperfeições.
Para este novo ano, preciso de mais empatia e compreensão que eu achava ter suficientes. Não. Nunca vão ser suficientes enquanto houver alguém próximo se sentindo vazio e confuso como eu mesmo me sinto às vezes.
Não acredito em ganhar o céu com boas obras. Não fui ensinado assim e não faz sentido para mim, afinal, olhando seriamente para o que move minhas atitudes "benevolentes", não consigo me lembrar de nenhuma que não tivesse, bem lá no fundo, um motivo egoísta encoberto com quilos de maquiagem.
Mesmo assim, fazer uma gentileza e ceder parte do que se tem construído até agora como indivíduo incompleto é, no mínimo, parte do que dá sentido à existência (fui longe demais?).
Suavizar o fardo de alguém sem levar em conta seus erros ou o que quer que seja, simplesmente por fazer, pelo menos nos tira da condição inútil, imóvel e imbecil de sentir pena de alguém.
E esta é minha resolução mor para 2010, nada além do que já estava fazendo: cuidar da minha própria vida da melhor forma que puder, não fugir de coisas ou experiências desagradáveis para que tenha o máximo possível a fim de entender outras pessoas.
Isso porque, sinceramente ainda não achei nada mais estimulante.
"Pessoas são horríveis, são monstros, parasitas - pode ser, se você escolhe ver assim. Mas o que eu mesmo sou senão um ser humano tão horrível quanto qualquer outro? Anunciando sua justiça própria, como um inseto exibido. Tratarei de ver beleza nisso e tirar algumas flores do esterco.
Ninguém pode fugir do próprio egoísmo e toda sua força criativa, mas vou contnuar fingindo ser algo melhor, esperando depois de algum tempo agir melhor - naturalmente.
Levando uma carcaça solitária e minhas lembranças. Indo e voltando a lugares onde deixei pedaços de memórias gravados em cenários e paredes, em coisas e pessoas que um dia estiveram ali, outras poucas que ainda permanecem. Criando agora mesmo novas histórias de que me lembrarei um dia.
Quero mais que nunca antes novas pessoas e novas experiências, pois um dia já temi a tudo isso.
(Texto escrito na estrada sentido Taubaté - São José dos Campos, dentro do ônibus, no final do ano passado)
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